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O urbanismo não é de esquerda, nem de direita...

O urbanismo não é de esquerda, nem de direita... é das pessoas.


O urbanismo que precisamos para o futuro das nossas cidades está centrado no espaço público e tem, naturalmente na rua, o seu principal foco.

Assim, as ruas dos dias que correm, devem ter uma dinâmica plástica, do tipo pop-up, ou seja, vão-se adaptando com facilidade a várias atividades: fechadas ao trânsito automóvel com esplanadas dedicadas a eventos gastronómicos da região ou dedicadas a eventos culturais, com palcos onde se podem apreciar as diversas atividades recreativas da comunidade local (dança, música ou desporto). Deste modo, a comunidade local expõem os seus trabalhos e as suas artes e contribui para o fortalecimento da cultura e participação cívica.


O espaço público é mais importante do que estacionamento, estacionamento, estacionamento...

A rua é o palco de desenvolvimento da economia circular desse mesmo lugar.

"Rua espetacular agora" - Créditos: Urban Cycling Institute | Facebook

As ruas vivas de gente que descrevo não precisam de grandes investimentos em mobiliário urbano ou pavimentos específicos! As ruas pedonais que idealizo, são ruas temporariamente encerradas ao trânsito, com simples sinais de trânsito ou gradeamentos.


Mas afinal qual é a rua ou o conjunto de ruas da nossa localidade que devemos encerrar ao trânsito automóvel? ...nem que seja a um sábado de manhã!

Haverá ruas ótimas para uma parada ou uma venda de limonadas feitas pelas nossas crianças!

As ruas exclusivamente pedonais têm resultados positivos no comércio local, os turistas gostam de visitar e as comunidades locais saem à rua. Destas ruas pedonais, destaco a Rua Augusta - eixo central da baixa Lisboeta, com mais de 30 anos. Mais recentemente, no Caís do Sodré, a "Pink Street" inaugurou um novo conceito: uma rua dedicada aos bares e ao convívio da noite. A rua tem a capacidade de mobilizar a população para gerar mais riqueza, não só de finanças, mas sobretudo de relações sociais da própria comunidade!


As autarquias, e em particular as juntas de freguesia, devem encarregar-se destas agendas culturais de proximidade do espaço público.

Num fim de semana, uma rua do nosso bairro, pode ter artesãos vindos do interior de Portugal para um workshop de olaria. À noite, essa mesma rua, pode ter um espetáculo de dança e no dia seguinte, uma mostra social das várias instituições surge espontaneamente no mesmo local.


As marcas de comércio internacional, reconhecem o valor de uma rua cheia de gente... é que o preço por metro quadrado é medido pela quantidade de pessoas que passa à frente dessa mesma montra. Ou seja, se passam mais de 10 pessoas por minuto, é uma loja com grande potencial! É por isso que os nossos autarcas devem dar prioridade a uma rua cheia de gente, em vez de ruas cheias de carros parados.


O espaço público é mais do que estacionamento automóvel.

É mais do que circulação rodoviária.

O espaço público é na realidade o motor do desenvolvimento e da sustentabilidade urbana.


Ou seja, o desenvolvimento económico do nosso espaço urbano deve estar intimamente relacionado com as pessoas e a sua permanência na rua, de forma confortável, com deslocações curtas e de maneira a que se usufrua da cidade com a família e amigos com tempo de qualidade.

Pedro Fonseca

Arquiteto/Urbanista

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