As ribeiras são um ecossistema de vida e biodiversidade. É o local onde acontecem complexos ecológicos de grande importância para o meio ambiente.
Uma ribeira em espaço urbano, como é o caso da Ribeira de Algés, merece uma atenção especial!
Ribeira de Algés no Parque Urbano de Miraflores.
Créditos: Mário Forjaz Secca
Trata-se de um percurso natural das águas de várias nascentes, mas também de um canal de escoamento das águas das chuvas que descem até este vale natural da orografia da cidade.
Nasce na Amadora, curiosamente, junto à sede da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), numa zona onde ainda existem algumas hortas urbanas, algo raro por estas paragens!
A ribeira, que recebe outras linhas de água, percorre o território a céu aberto em cerca de 3 km entre muros e paredes de traseiras de edifícios industriais. Sempre de costas voltadas para a cidade.
Mas é no Parque Urbano de Miraflores que a ribeira ganha dignidade. Respira-se natureza - mas só até estar concluído um empreendimento de quase 1000 fogos que o executivo de Oeiras aprovou para este local.
Há uma ponte que as famílias atravessam em passeios de fim de semana.
Ribeira de Algés no Parque Urbano de Miraflores.
Créditos: Mário Forjaz Secca
Ouve-se a água a passar.
Alguns patos selvagens fazem aqui a sua casa.
Nem parece que estamos na cidade!
E assim, depois de serpentear uma grande parte do território denso e urbanizado, a ribeira é encanada junto a um largo, percorrendo 2 km subterrâneos até à Foz do Rio Tejo.
Os moradores desta zona conhecem bem o fenómeno de transbordo das águas logo que começam as chuvas fortes.
A Câmara Municipal de Oeiras também.
A água alaga as ruas e os espaços comerciais. Provoca mortes e prejuízos avultados. Aconteceu durante o último mês de dezembro. E não foi só uma vez.
Mas afinal, de quem é a culpa destas cheias? Das alterações climáticas? Dos governantes que permitem as novas construções em leito de cheia?
É que a duplicação do encanamento construído há 70 anos já teve várias promessas, mas até hoje, nada!
Uma ribeira não pode ser olhada como lixo da nossa cidade, mas como luxo do nosso território!
Pedro Fonseca
Arquiteto/Urbanista
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