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Novos tempos, novos ventos

Nesta mudança de paradigma, os tempos que estamos a viver revestem-se de particular importância, tendo em conta que todos nós, de uma forma ou de outra, já percebemos que nada será como dantes!


Ao longo dos tempos, as gerações europeias contemporâneas deram por adquirido um modo de vida e uma prosperidade assentes na paz, segurança, estabilidade e desenvolvimento económico que, por sua vez, foram alicerçados no estado social europeu.

Colocados que nos estão a ser estes novos desafios, começamos lentamente a perceber todas as fragilidades em que assenta o nosso modelo de desenvolvimento, e que se nada for feito rapidamente, este poder-se-á desmoronar como um simples baralho de cartas.


Mas não é erguendo muros ou promovendo fraturas na sociedade que conseguiremos levar este barco a bom porto. Isso apenas será possível erigindo pontes e reafirmando os princípios fundadores da social-democracia, tão bem representados nas três setas que compõem o símbolo do PSD: Liberdade, Igualdade e Solidariedade.


Apenas com uma verdadeira cooperação entre todos os sectores da sociedade conseguiremos encontrar uma solução humana, digna e honrosa, capaz de debelar o atual conflito civilizacional em que estamos mergulhados, minimizando desta forma, todos os seus efeitos colaterais.


E apenas com assertividade e lucidez política conseguiremos salvaguardar o legado de sete décadas de construção e de integração europeia que nos trouxeram o período de maior prosperidade alguma vez registado.


Como dizia recentemente um antigo embaixador dos Estados Unidos da América junto da NATO, acerca da necessidade de construção de um exército europeu “o problema da Europa não é a falta de um exército, mas sim a ausência de vontade política e de um compromisso político sério para com a defesa, tanto a nível nacional, como europeu ou mesmo transatlântico.”


Este é um sério desafio para as lideranças futuras, quer nacionais, quer a nível da União Europeia! Precisamos de um compromisso sério para com a defesa do espaço e dos valores Europeus.


Caso contrário, as gerações atuais terão razões acrescidas para estarem preocupadas com a sua segurança e com a manutenção dos valores que norteiam as nossas sociedades. Mas por outro lado, isso também as obriga a estarem mais informadas e serem mais interventivas no processo da

progressiva integração Europeia, incluindo o aprofundamento e consolidação da Política comum de Segurança e Defesa, pois não haverá soberania sem uma capacidade de defesa credível e efetiva, sem uma base tecnológica e industrial forte e compatível com as circunstâncias que se nos apresentam.

A Política é a intervenção na pólis dando-lhe uma ordem, isto é, organizando a sociedade no respeito e tolerância pelas diferenças, mas construindo o futuro em linha de conta com os princípios que defendemos – Liberdade, Igualdade e Solidariedade, sem descorar o pilar fundamental da Justiça. É no respeito por eles e pela sua consciência, reconhecendo o outro como nosso igual em direitos, deveres e obrigações, no acesso aos bens disponibilizados pela Ciência e pela Natureza, que a prosperidade e o desenvolvimento desejado por todos nós poderão ser alcançados.


Sartre na sua obra “O Existencialismo é um Humanismo”, afirma que o Homem está condenado a ser livre, “já que, uma vez lançado no mundo, é o responsável por tudo aquilo que faz”.


Desta forma, se queremos continuar a ser livres, não nos podemos demitir de novos desafios, nem das nossas responsabilidades na construção do principal pilar da nossa sociedade: a participação de cada um de nós na construção desta Nova Era que se avizinha.

Paulo Oliveira

Coronel

Mestre em Ciência Política e Relações Internacionais

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