A frase ficou famosa na campanha eleitoral de Bill Clinton em 1992, destacando o contexto económico desfavorável da época. Com uma abordagem centrada na economia, Clinton venceu as eleições contra o incumbente George Bush, apesar das altas taxas de aprovação deste último.
Embora os tempos atuais sejam mais complexos e voláteis, as questões económicas ainda têm um impacto direto na vida dos cidadãos. Apesar do ligeiro crescimento económico fraco, as pessoas sentem que as sua condições de vida estão estagnadas ou mesmo a deteriorar-se. A saída da pandemia resultou numa inflação elevada e num aumento dos custos de vida. A este cenário juntou-se um aumento das taxas de juro como medida corretora da inflação, e uma persistente pressão inflacionista nos bens alimentares e energéticos, o que impacta significativamente a qualidade de vida e a confiança no futuro.
A confiança e a esperança num futuro melhor funcionam como estabilizadores políticos. As questões económicas, por serem tão estruturantes, têm de estar plasmadas em qualquer programa político, mostrando a sua visão do mundo. Contudo, a forma como são comunicadas condiciona a perceção pública da competência do partido.
A comunicação, por influenciar a credibilidade e a confiança dos eleitores, exige cuidado, transparência e consistência na divulgação das medidas propostas.
Uma comunicação assertiva, consistente e transparente não apenas demonstra empenho, responsabilidade e compromisso com o bem-estar económico e com a prosperidade, mas também contribui para fortalecer a confiança dos eleitores.
As medidas económicas podem ser complexas, o que exige esforços para simplificar conceitos e tornar a mensagem acessível, promovendo a literacia económica e o envolvimento dos cidadãos na política. O líder deve destacar-se pela excelência na comunicação, consolidando uma imagem empática, confiável e competente. A clareza das mensagens facilita a disseminação da visão e fortalece a identidade política do partido. Em oposição, uma comunicação inadequada, dá espaço para que outros partidos distorçam e explorem as fragilidades em beneficio próprio, o que pode conduzir a uma perceção distorcida das propostas, prejudicando a imagem do partido perante o público.
Os eleitores podem mudar de voto em resposta a novos argumentos e a novas abordagens, especialmente os indecisos, pelo que é exigida uma atenção cuidada na excelência comunicacional por parte dos partidos.
Estes devem praticar toda a sua influência através de uma comunicação cuidada e eficaz, que permita ativar e converter cidadãos, conquistando a sua simpatia, confiança e apoio, ao mesmo tempo que fomentam um ambiente de debate positivo na opinião pública.
Diversos instrumentos podem (e devem) ser testados para comunicar a mensagem de forma eficaz, com clareza, transparência e confiança.
A clareza na apresentação das propostas é um fator determinante para o seu sucesso. Apenas uma proposta expressa de maneira tão clara que seja compreendida pelo público em geral pode despertar interesse, ter acolhimento e beneficiar de entendimento generalizado. A clara demonstração dos benefícios mas também dos compromissos que são necessários para os alcançar contribui para um correto esclarecimento do problema e para a construção de um capital de confiança e de transparência que poderão vir a ser necessários em situações de crise.
A articulação adequada das ideias, uma linguagem cuidada, direta, acessível e livre de jargão permitirá que a mensagem alcance um público mais amplo.
Mensagens direcionadas: Numa era em que se desdobram e se sobrepõem meios e formas de comunicação, o cidadão comum desenvolveu uma espécie de perceção seletiva, só prestando atenção a mensagens que lhe despertam o interesse. Definir uma mensagem central clara é essencial, mas não suficiente, esta tem de ser trabalhada para impactar pessoas com diferentes perfis.
Grupos de pessoas com diferentes características sociodemográficas e psicossociais podem partilhar diferentes preocupações, motivações e aspirações, sendo sensíveis a diferentes argumentos. Ao Identificar esses grupos, chamados de "targets", torna-se possível conceber mensagens diferenciadas, mais alinhadas com os seus estilos de vida e valores, evitando comunicar tudo a todos, simultaneamente e sobressaindo na economia da atenção.
Criar relação e envolvimento:
Diversificar tanto formas quanto meios é uma estratégia essencial para criar um ambiente favorável ao relacionamento com o eleitor. Manter um diálogo dinâmico com cada grupo-alvo é fundamental para estabelecer uma relação baseada em confiança, transparência e coerência, alinhada com as restantes ações do partido.
Ao compreender as necessidades de cada grupo torna-se possível criar fóruns de participação ativa, com empresários, especialistas e cidadãos comuns, o que constitui uma estratégias importante que promove um ambiente colaborativo onde todos contribuem para a solução, comprometendo-os e corresponsabilizando-os. Esta é outra forma poderosa de fomentar o diálogo e ouvir diferentes perspetivas, demonstrando a vontade de encontrar soluções conjuntas, para além de ser uma excelente fonte de conteúdos para alimentar as diversas plataformas de comunicação.
Mónica Correia
Doutoranda em Comunicação e Saúde
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