Os incêndios rurais/florestais em Portugal há muito que são um flagelo nacional que demasiadas vezes se transformam em calamidades destruindo vidas, propriedades e sonhos; nesta última década a extensão da área ardida representa aproximadamente 6% da área nacional, ou seja, 1.5 milhões de hectares.
Portugal é um país que, como infelizmente sabemos, enfrenta uma variedade de desafios relativamente ao combate aos incêndios florestais, sobretudo em função da sua localização e características geográficas (vastas áreas florestais e climas secos no verão).
A prevenção dos incêndios é o reflexo de alguns problemas estruturais do país, nomeadamente: políticas florestais, ordenamento do território, envelhecimento da população, decréscimo da taxa de natalidade, abandono do interior pelos jovens para as grandes cidades e na importância das associações de bombeiros voluntários em Portugal como pedra basilar no socorro e, neste caso em particular, no combate a incêndios florestais.
Essa complexidade é comparável com uma engrenagem: se todos os elementos forem funcionais, a máquina no seu todo funcionará de forma coerente e harmoniosa; no entanto se ocorrer um desequilíbrio, a máquina no seu todo irá sentir complicações ou mesmo danificar os restantes elementos funcionais. O objetivo deste artigo é fazer uma breve reflexão sobre estas temáticas atuais de forma a prevenir acontecimentos futuros.
Nos últimos oito anos muitas das verbas públicas não chegaram aos territórios mais isolados e com mais sensibilidade para uma boa política de ordenamento do território e políticas florestais, demonstrando gastos públicos na floresta insuficientes e inadequados. O trabalho de investigação “A Floresta e a Política Agrícola Comum” elaborado pelo Dr. Francisco Cordovil e Dr. Miguel Viegas demonstram que no período compreendido entre 2010 e A prevenção dos incêndios é o reflexo de alguns problemas estruturais do país, nomeadamente: políticas florestais, ordenamento do território, envelhecimento da população, decréscimo da taxa de natalidade, abandono do interior pelos jovens para as grandes cidades e na importância das associações de bombeiros voluntários em Portugal como pedra basilar no socorro e, neste caso em particular, no combate a incêndios florestais.
Essa complexidade é comparável com uma engrenagem: se todos os elementos forem funcionais, a máquina no seu todo funcionará de forma coerente e harmoniosa; no entanto se ocorrer um desequilíbrio, a máquina no seu todo irá sentir complicações ou mesmo danificar os restantes elementos funcionais. O objetivo deste artigo é fazer uma breve reflexão sobre estas temáticas atuais de forma a prevenir acontecimentos futuros.
Nos últimos oito anos muitas das verbas públicas não chegaram aos territórios mais isolados e com mais sensibilidade para uma boa política de ordenamento do território e políticas florestais, demonstrando gastos públicos na floresta insuficientes e inadequados. O trabalho de investigação “A Floresta e a Política Agrícola Comum” elaborado pelo Dr. Francisco Cordovil e Dr. Miguel Viegas demonstram que no período compreendido entre 2010 e 2019 os concelhos com as áreas mais ardida são os concelhos que beneficiaram de menos apoios públicos, sendo que essas áreas estão presentes em regiões de maior risco e propensão a incêndios de grandes dimensões.
Relativamente aos meios humanos e técnicos, o combate aos incêndios é realizado por uma multiplicidade de entidades com competências próprias, onde se destacam as autoridades locais, por meio dos bombeiros (sapadores, municipais ou voluntários), a proteção civil, os serviços das autarquias, vigilantes e sapadores florestais, a G.N.R, P.S.P, os meios aéreos (com o uso de aviões e helicópteros) e, em determinados casos, pelas forças armadas e entidades privadas. Iremos, neste caso focarmo-nos nos desafios que se colocam a uma eficiente ação das cooperações de bombeiros voluntários.
Os nossos valentes Bombeiros Voluntários estão associados a uma determinada associação de Bombeiros Voluntários, em que cada uma possui a sua especificidade, mas todas partilham a mesma missão: a proteção da Vida.
Infelizmente, a contínua redução populacional do interior do país vertida nos dados dos últimos Censos levados a cabo pelo INE, têm como consequência uma redução dos apoios concedidos às associações de Bombeiros Voluntários. Estas por sua vez, confrontadas com situações de carência financeira, deixam de poder recrutar novos quadros, o que a médio e longo prazo irá afetar de forma inultrapassável a sua capacidade prestação de socorro à população de combate a incêndios.
Muitas dessas associações vivem momentos de grande fragilidade e incerteza e, perante uma diminuição dos apoios por parte de algumas autarquias, e o efeito devastador da inflação nas despesas das cooperações (desde logo energia, combustível, equipamentos de desgaste, manutenção de veículos), as cooperações são confrontadas com a necessidade diária de manterem o mesmo nível de prontidão e capacidade de auxílio às populações.
A tudo isto soma-se a incerteza dos apoios financeiros por parte das autarquias, o aumento da exponencial da inflação com efeito direto nas despesas das corporações (desde logo energia, combustível, equipamentos de desgaste, manutenção de veículos).
Concluindo, uma maior aposta no investimento e prevenção, nomeadamente em áreas afetadas por grandes incêndios florestais e consideradas zonas de risco; a adoção de um protocolo adequado e eficiente de coordenação e comunicação a larga escala entre bombeiros, proteção civil e outras entidades locais; a aquisição de meios e equipamentos adequados; o combate à desertificação do interior; assim como a elaboração de um plano a longo prazo, são condições imperativas para uma reforma sistémica e sustentável das políticas de prevenção e combate aos incêndios, reforma essa imprescindível para a reversão da tendência negativa com que temos sido assolados nos últimos, nomeadamente no que diz respeito à área total ardida e à degradação das condições de trabalho das cooperações de bombeiros.
Para além destas reformas estruturais, podem também ser adotadas outras medidas imediatas de prevenção e de apoio às associações humanitárias de Bombeiros Voluntários, como: a avaliação personalizada e metódica das especificidades e necessidades de cada cooperação; a implementação de vigilância por drones; a criação de um complexo integrado (a nível nacional) de barreiras “corta-fogo” e aceiros, assim como de melhores acessos aos mesmos; a instalação generalizada de câmaras térmicas e a utilização de sensores para auxiliar os dispositivos já existentes; incremento urgente dos apoios atribuídos aos corpos de bombeiros voluntários principalmente financeiros, com vista à contratação de recursos humanos especializados no combate a incêndios.
Um reforço de apoios das equipas de emergência, quer em equipamento de proteção individual, quer no apoio da manutenção constante de viaturas e nos seus equipamentos de uso no combate de incêndios, são decisivos! Melhorar a coordenação entre as várias entidades presentes, quer a nível logístico, de comunicação e a revisão de medidas preventivas e de abordagem aos incêndios florestais são essenciais!
Face ao exposto é necessário promover práticas sustentáveis e, uma tradição de constante evolução e aperfeiçoamento.
Como nota final um bem-haja a todos estes heróis que contra o exposto lutam para providenciar um melhor socorro!
Patrick Costa
Director Financeiro B. V. de Lisboa
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