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Pelos caminhos de... Ribeira de Algés

Os dias 7 e 13 de Dezembro de 2022 ficaram marcados por fenómenos meteorológicos extremos, com recordes de precipitação que inundaram várias localidades do nosso país e da região de Lisboa, em particular.


A baixa de Algés foi um dos territórios mais afetados do concelho de Oeiras. Verificarmos in loco a dimensão dos estragos junto da população e dos comerciantes. Ruas com água acima de 1,5 metro de altura, caves inundadas, viaturas danificadas, comerciantes com negócios destruídos. Pessoas com as vidas em suspenso.

Rua Major Afonso Pala, em Algés, no dia 8 de dezembro. Créditos: Aqui há Futuro!


Apesar deste tipo de fenómenos ser imprevisível, existe um consenso generalizado na comunidade científica que os mesmos serão cada vez mais frequentes e intensos.


Urge, portanto, que os decisores políticos, com especial destaque para a Câmara Municipal de Oeiras, encontrem a solução para esta zona de elevado risco de cheias, que todos os anos, com maior ou menor magnitude, sofre este tipo de intempéries.

Nunca é por demais recordar que as cheias podem ter como principais causas a precipitação abundante (que pode concentrar-se num curto período de tempo ou prolongar-se por um período relativamente longo), tais como: tempestades com origem no mar, acompanhadas de chuvas intensas e grandes ondas; por sismos, que têm o seu foco nos oceanos ou mares, e que podem provocar tsunamis; mas cada vez mais, devido à influência da ação humana.


Refira-se neste ponto a ocupação incessante dos leitos de cheia e da crescente impermeabilização dos solos, com consequências na diminuição das zonas de infiltração da água das chuvas.


Também a desflorestação e a destruição do nosso património natural, são causas evidentes da menor capacidade dos solos absorverem as águas das chuvas.

A falta de limpeza e a obstrução do leito dos rios e ribeiras são também alguns dos erros que se continuam a cometer nos territórios urbanos, em pleno século XXI.


O exemplo das cheias em Algés demonstra bem a incapacidade para a resolução de problemas estruturais que duram há várias décadas. É por isso urgente que Oeiras se adapte com as melhores práticas de planeamento, porque como dizia o arquiteto paisagista Gonçalo Ribeiro Teles, a propósito das cheias de 1967:


"As inundações são em grande parte feito da falta de planeamento, da inépcia, da ignorância e da incompetência."

Gonçalo Ribeiro Teles, figura tutelar da arquitetura paisagista e do Movimento Partido da Terra. Créditos: Daniel Rocha

Pedro Garcia da Fonseca

Arquiteto/Urbanista


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