Em Novembro tive a oportunidade de visitar Barcelona, capital cosmopolita da Catalunha, internacionalmente aclamada pelas suas referências arquitetónicas e culturais. Do Barro gótico à Sagrada Família, do el Raval ao parque Guell, do Palau Nacional à Praia dos Beijos, passando pelas suas famosas Ramblas, Barcelona é uma cidade vibrante que apela a todos os sentidos e à contemplação.
Créditos: Imagem: https://www.shbarcelona.com.br/blog/pt/free-tours-barcelona-cidade/
Mas uma das coisas que mais surpreende é a harmonia com que o traçado urbanístico e as suas políticas de mobilidade confluem para darem prioridade aos peões e à mobilidade suave na dinâmica da cidade. Para além dos nove milhões de turistas anuais, vivem em Barcelona cerca de 1,6 milhões de pessoas. Isto em apenas 102 km2. Por isso, à semelhança do que acontece em Lisboa, seria de esperar uma boa dose de trânsito caótico, especialmente às horas de ponta.
Nada disso! Em 2003, com o objetivo em mente de colocar a qualidade de vida das pessoas em primeiro lugar, a Comunidad Autónoma de Cataluña assumia que “a mobilidade seria um elemento chave no século que acabava de começar”, e por isso, através do devido planeamento, legislação visionária e instrumentos de programação adequados, Barcelona passou a investir de forma sistémica e estruturante nos sistemas de transporte público coletivo e na mobilidade a suave, de forma a criar condições de mobilidade adequadas, seguras e com o mínimo de impacto para o ambiente.
Enquanto por cá continuamos a debater se as ciclovias fazem ou não sentido devido à geografia e ao declive das nossas cidades, ou se devemos ter mais faixas de BUS, Barcelona tornou-se, nas últimas duas décadas, numa cidade que faz da intermodalidade de todos estes recursos de mobilidade num dos seus maiores atrativos.
Ao proporcionar uma rede integrada de mobilidade cuja capilaridade permite ir de uma ponta à outra da cidade em apenas 15 minutos, Barcelona convida as pessoas a saírem de casa, a passearem pelos bairros históricos, a irem aos jardins e aos museus.
Em suma, a fruírem e fazerem parte integrante da vida de uma cidade que respira inspiração e criatividade, e que viu nascer, entre outros, génios como Antoni Gaudi, Joan Miró ou Montserrat Caballé.
Um exemplo inspirador!
Fernando Santos
Politólogo
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