A 9 de Maio de 1950, Robert Schuman, propunha a criação de uma Alta Autoridade supra nacional com poderes de controlo sobre a produção franco-alemã de carvão e de aço, mas aberta à participação de outros países. Uma entidade que tivesse como objetivos não só a unificação económica, mas também a construção de uma Europa Unida e em Paz, focada na promoção do desenvolvimento económico e na melhoria das condições de vida e de trabalho dos seus cidadãos.
Eram assim lançadas as sementes para a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, que mais tarde viria a evoluir na Comunidade Económica Europeia e, em 1993 na União Europeia, por intermédio do Tratado de Maastricht.
Ao emitir a sua declaração, Schuman tinha perfeita consciência da complexidade das relações históricas, económicas e políticas entre os vários países europeus que, frequentemente, resultavam em divisões sangrentas. Por isso compreendia que o sonho de uma Europa unida “não se fará de um golpe, nem numa construção de conjunto: far-se-á por meio de realizações concretas que criem em primeiro lugar uma solidariedade de facto.”
Créditos: Website UE
Schuman tinha razão, e o processo de unificação europeia nem sempre decorreu de forma suave. Como qualquer organização, a União Europeia também experienciou, em mais do que uma ocasião, dores de crescimento, mas nunca abandonou o núcleo de valores que inspiraram à sua fundação:
O valor da Dignidade Humana, como direito fundamental, inalienável, inviolável e inato a cada ser humano.
A defesa da Liberdade e do pluralismo, qualquer que seja a sua forma de expressão.
A defesa da Democracia representativa e do Estado de Direito.
A promoção da Igualdade, da tolerância e da não discriminação.
A criação de uma sociedade mais Justa, mais coesa e mais solidária.
Estes são valores que não devemos dar por adquiridos, principalmente numa altura em que assistimos, em vários pontos do continente, mas acima de tudo a Leste, à emergência da Velha Europa, que volta a tentar lançar sobre nós o espectro sombrio dos nacionalismos e das ideologias totalitárias.
Antes pelo contrário, cada um de nós carrega a solene obrigação de zelar ativamente por este sonho de uma Europa unida, que embora belo, ainda se encontra na forma de crisálida.
Da saúde à educação, da economia ao desenvolvimento sustentável, passando pela política de defesa e segurança, precisamos de uma Europa cada vez mais coesa, capaz de enfrentar os desafios que se agigantam perante nós, e focada na resolução dos problemas reais dos cidadãos.
Feliz dia da Europa!
Fernando Santos
Politólogo
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